O congresso da União Internacional dos Arquitetos (UIA) será celebrado em 2017 na capital da Coreia do Sul. Para o evento, o Instituto dos Arquitetos do Brasil departamento Rio de Janeiro (IAB-RJ) organizou um concurso nacional de arquitetura com o objetivo de selecionar um projeto de stand para promover o próximo congresso UIA, que será sediado no Rio de Janeiro em 2020 e cujo tema será “All the worlds, just one world”, que como a organização sugere, “expressa a preocupação com questões urbanas que dizem respeito a habitantes dos cinco continentes”. Nossa proposta foi premiada com uma menção honrosa. Segue a memória do projeto apresentado:
O projeto do stand não pode ser compreendido sem a presença do outro. Da mesma forma que a gangorra não tem sentido sem o outro, sem sua carne. Na gangorra, eu e o outro somos o mesmo corpo.
No projeto do stand eu altero o equilíbrio do outro ao sentar no banco, que se move calmamente. Cria-se conflito em outra parte, se altera a ordem, sem sabê-lo.
Na gangorra, diferente da balança, não se almeja o idêntico: a diferença, a diversidade, é a virtude.
Por baixo das “paredes” do stand meu olhar se cruza com o do outro, que está sentado comigo no banco. Ao vê-lo se movendo, me vejo, vejo meu corpo em movimento. Meu olhar se cruza também com o de quem está sentado nas áreas de mesas e cadeiras junto ao stand.
Em pé o olho está na altura das projeções. Do lado de fora, o gesto do stand quer me acolher no seu interior. Do lado de dentro, ora o vazado fechamento do stand, ora as projeções, me colocam continuamente fora do interior.
Quem passa perto pode se adentrar involuntariamente: há poucas fronteiras, muros ou limites, e eles são de luz. O visitante que acaba de acessar ao recinto depara-se rapidamente com o stand. Este é o centro de uma grande área de estar à qual pertence: ele é área de estar também.
O chão do stand é o mesmo que há em volta dele. O banco, de 6m de comprimento, de aço, possui duas peças que giram –interligadas, como uma única peça– em torno de um eixo transversal localizado no centro. As divisórias, que não impedem que a luz do projetor as atravesse, são de policarbonato alveolar e estão suspensas em uma estrutura modular treliçada de alumínio alugada.
O pesado banco se move e a leve estrutura das divisórias não. Acabado o UIA 2017 SEOUL, a estrutura das divisórias permanece na Coreia do Sul e o banco é transferido para um espaço público do Rio de Janeiro, permitindo, como já fez em Seul, repousar, ver ao redor, sentir o outro… em um lugar de convergência da diversidade.