O prédio tem a virtude de ter duas fachadas, uma voltada para a rua e outra para os fundos, ambas com vista livre, além de ter apenas um apartamento por andar. Isto permite excelentes condições de iluminação, ventilação, assim como de conexão com o exterior por meio de duas varandas, uma em cada fachada. Também, por se tratar de um prédio localizado numa rua perpendicular à rua principal da cidade, a atual Barão do Monte Alto, que segue a implantação histórica convencional Leste-Oeste, as duas varandas estão orientadas perfeitamente ao nascer e ao pôr do sol.

As principais modificações da reforma foram substituir um dos quartos pela cozinha e levar o banheiro social à área onde estavam as dependências de serviço, transformando desta forma totalmente os interiores. Á área comum do apartamento, composta pela sala, a cozinha e o escritório, passa a ter vista e acesso às duas fachadas, melhorando também a ventilação cruzada, e ficando com várias janelas de antigos cómodos, de diversos formatos, tamanhos e alturas, tornando o interior rico em entradas de luz. Do interior deste espaço é possível ver o nascer e o pôr do sol, que agora atravessa o apartamento. A cozinha passa a ter maior protagonismo, localizada no centro da casa e aberta à sala. Ao espaço central foram abertos também o saguão de entrada, o escritório e a banheira, tornando esses cômodos mais agradáveis no uso cotidiano, mas podendo ser fechados quando necessário. Os dois quartos ficaram também com várias janelas e portas, algumas existentes e outras novas, aumentando significativamente sua amplitude e conexão com o exterior.

Outras estratégias complementam os interiores do apartamento. As três jardineiras, por exemplo, marcam lugares de transição, como ao passar da sala a ambientes mais íntimos, ou ao entrar no apartamento. Os tacos de madeira dos quartos existentes foram mantidos sempre que possível, criando desta forma desenhos no piso do layout novo. A partir desses desenhos surgem novas divisórias, jardineiras, bancos, e recortes no forro. Os tacos retirados foram reutilizados para criar tampos de mesa e alguns bancos.

Entre os principais materiais estão, além dos tacos, peças de cerâmica artesanal, cimento queimado e texturas feitas com reboco.

Projeto de arquitetura:

Fernando Delgado, Isabela Canêdo, Renan Vargas

Equipe:

Carol Rocha

Localização:

Alameda São José, Muriaé-MG, Brasil

Data início:

2023

Área construída:

136m²

Fase:

Projeto em construção